Caixa de morangos

Eis aqui o meu primeiro post nesse ilustríssimo novo blog do mundo virtual brasileiro (ou mundial, quem sabe…).

Lá estava eu a ouvir minhas músicas, quando Carlota chega no MSN pra me contar da ótima experiência num velho e bom busu, com duas companheiras de viagem no mais clássico estilo brau de ser. Rapaz… Pense numa pessoa chorando de rir… Era eu lendo a descrição de Carla sobre a situação.

Transformei em texto e coloquei aqui pra vocês, porque ninguém é obrigado a ficar pulando linha de nick de MSN, né?

“Rapaz. Vi seu comentário agora na Eu falo braulês, me lembrei de um ônibus que peguei esta semana pra ir em Moema…

Você não faz idéia. Eu tinha que ir no hotel encontrar minha mãe, do lado do Shopping Ibirapuera, mas antes tinha que fazer o depósito referente ao aluguel. Dai passei pelo terminal de ônibus e vi o desgraçado lá (ele demora uns 45 minutos pra passar), ainda pensei ‘Que droga. Vou perder o ônibus… Mas não posso deixar de fazer este depósito hoje’. Fui para o banco. Cheguei lá, estava o sistema fora do ar, não dava pra fazer o depósito na boca do caixa, só envelope mesmo.

Fiz o depósito e voltei para o terminal… Quando cheguei lá, como que por milagre, o ônibus ainda tava lá e o motorista saindo do banheiro! E eu pensei com meus botões: ‘Santa dor de barriga do motorista, Batman!’ e entrei correndo… Quando eu entrei, tinha uma senhora baixinha, com uma sacola na mão, de havaianas e bermuda, esperando o cobrador entrar pra ela passar, por que ela não tinha o cartão para passar na catraca.

Quando o cobrador entrou, ela disse tanto desaforo a ele, que era um absurdo este ônibus que já demorava tanto e ainda ficava o cobrador do lado de fora este tempo todo e ela ter que esperar, com uma criança (que já tinha passado por baixo da roleta e já estava sentada no ônibus) e que a menina estava se sentindo mal e que se demorasse mais ela ia vomitar a estrada toda…

E lá vai a mulher falando e o cobrador nem olhou na cara dela… Eu passei logo depois dela, e sentei no banco da frente dela. Ela e a menina. Quando eu sentei, ví ela arrumando um monte de sacolas no chão, no meio das pernas e falando com a menina: ‘Olhe não sei quem, abra logo essa janela…não vomite nas minhas sacolas não!!’

Nesse momento eu que já não estava muito bem humorada, com uma dor de cabeça infernal e sem paciência, não contei conversa: levantei e atravessei o corredor. Sentei do outro lado e fui até Moema observando a mulher. Ela estava com uma sacola na mão…e de lá de dentro saiu uma caixa de morangos, um pastel de carne todo grudado no óleo e no papel, uma garrafa de suco ‘X-tapá’. E no meio do caminho, eis q o motorista dá uma freada e o pastel cai no chão. Espalhou carne pra tudo quanto foi lado. Ela abaixou, pegou o pastel, deu uma espanadinha com a mão e disse a menina: ‘Tome, Fulana. Só caiu a carne no chão, tome’. Aquele cheiro de gordura subindo dentro do ônibus…e eu passando mal. A menina dizendo que queria o morango. E a mulher ‘Você vai comer todo? Só vou abrir se você for comer todo’. E eu pensando ‘Essa menina não tava passando mal? Vai comer uma caixa de morango e vai estoporar!’

Foi triste. Sei que chegou em Moema, eu desci rapidamente sem nem olhar pra trás e deixei as duas seguirem viagem.

PENSE! Automaticamente me lembrei dos ônibus e passageiros de Salvador. Chego à conclusão de que a braulice ultrapassa fronteiras. Tem brau até aqui em São Paulo! É bom pra não perdermos as raízes, né Corrente?!”

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